Minhas Origens


Bem que este poderia ser um post patrocinado, uma vez que falarei bastante sobre uma ferramenta disponível na internet que pode ajudar muito a quem se interessa por genealogia.

Não lembro bem do contexto da época. No meu caso, acredito que este interesse deva ter surgido após alguma conversa banal de família e, recorrer à internet, foi a solução mais óbvia que encontrei  para tentar descobrir um pouco mais sobre minhas origens. Quem sabe um pouco mais do que os meus pais já haviam me contado ?
 
Desde então, lá se vão mais de oito anos desde que encontrei o Family Search, que é uma ferramenta criada, desenvolvida e mantida pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que disponibiliza o serviço gratuitamente, independente de cultura, tradição ou religião. Basta um cadastro simples para usufruir dos recursos e começar a descobrir coisas interessantes sobre sua herança (genética, claro) e a se conectar com seus familiares.

Convém, porém, ressaltar que, uma pesquisa genealógica não é algo simples e que se resolva com apenas alguns poucos cliques. Descobri isso na prática. Por vezes, é necessário cruzar datas, nomes de cônjuges, filhos, pais e etc, para ter certeza de que se trata mesmo da pessoa procurada. Isto porque, além de homônimos, não é raro encontrar diferenças na grafia do nome das pessoas. Cito como exemplo uma bisavó minha cujo sobrenome: Benite, aparece em outros documentos e registros como Benati, Benete, Benetti e Benites e, a única forma de ter certeza de que se trata da pessoa certa, é correlacionando com datas e/ou nome de outros parentes contidos em cada documento. 
 
Infelizmente, o processo pode decepcionar um pouco àquelas pessoas imediatistas, impacientes e ansiosas. Não vou enganar ninguém: Não é como procurar um endereço no Google. É mais como um quebra-cabeças, em que você busca entre milhares de registros, as peças que se encaixam na imagem que você está criando.

Por isso, é importante notar que, como disse no início, comecei esse processo em 2014. Há momentos em que os resultados das pesquisas já não trazem mais nenhum dado novo e é necessário dar um pouco de tempo ao tempo para que novas informações sejam transcritas e inseridas no banco de dados da ferramenta, que conta com documentos oficiais fotografados, transcritos por computadores e/ou com a ajuda de voluntários, que indexam registros antigos escritos à mão e de difícil leitura. Conta também com banco de arvores genealógicas compartilhadas e com registros fornecidos por outros sites parceiros pelo mundo. Um trabalho difícil, mas memorável e valioso.

Além das buscas e pesquisas, o próprio sistema cruza automaticamente as informações já existentes na sua árvore e indica, caso encontre, possíveis conexões com outros familiares antepassados. São sugestões, cabe a você revisar as informações encontradas e anexar ou dispensar tais indicações.

Os registros incluídos podem ser encontrados e editados por qualquer usuário. É o que permite o crescimento da plataforma enquanto comunidade genealógica compartilhada. Então, é possível e, até recomendável, habilitar uma monitoração nas pessoas da sua árvore para que você seja notificado caso, alguma informação seja alterada ou incluída. Isto permite total controle e ciência sobre as informações da sua árvore.

E foi fazendo uso de todos esses recursos que, até este momento (2022), estou chegando nos meus tetravós. Pode parecer pouco, mas quando seus bisavós já não eram brasileiros, a busca por documentação torna-se cada vez mais difícil. Nesse tempo todo, minha árvore cresceu muito mais lateralmente do que verticalmente (se é que posso dizer assim),  justamente pela escassez de informações e registros de seus países de origem.

Apesar disso, descobri coisas interessantes. Por exemplo: cresci ouvindo que eu era descendente de argentino por parte de pai. Digamos que isto seja uma meia verdade. Meu avô realmente nasceu na Argentina. Inclusive, achei o registro de batismo dele em uma igreja de Rio Cuarto de 1917. Mas os pais dele (meus bisavós), vieram de Portugal. Mais especificamente do distrito de Guarda. 
 

De uma maneira bem superficial, no contexto histórico do início do século XX, a economia argentina apresentava uma das mais importantes taxas de crescimento do mundo. Como uma potência agrícola indiscutível e sendo um gigante comercial da carne e dos cereais, líder incontestável na região, a Argentina atraía imigrantes de todas as partes, de tal modo que os habitantes nascidos no estrangeiro chegaram a representar, em dado momento, quase metade da sua população.

Por outro lado, minha ascendência materna é, em boa parte, de origem espanhola. Encontrei cartões de imigração registrando a chegada deles em Santos, em 1910.

Novamente, de maneira bem superficial, na sua maioria, os imigrantes espanhóis da época, eram camponeses que chegaram ao Brasil com a família, imigrando em definitivo, indo diretamente para o interior, para as fazendas. Eram majoritariamente pobres e analfabetos, cuja viagem fora subsidiada pelo governo brasileiro. 
 
Um outro detalhe interessante, mas que ainda não consegui confirmar, é que o meu sobrenome: Fonseca, pode (ou parece) ser uma derivação de Poncica. Se isto for verdade, seria interessante entender como essas alterações ocorrem ao longo do tempo. Neste caso, estamos falando de pessoas nascidas por volta de 1860. Meu palpite é que, como o índice de analfabetismo era bastante grande na época, as pessoas não tinham muitas condições de conferir seus próprios documentos, estando completamente à mercê do que os escreventes, escrivães, escribas (seja lá como eram chamados) ou vigários da época entendiam e, consequentemente, escreviam no livros paroquiais e outros documentos utilizados na época.

Este palpite parece fazer sentido pois, pesquisando sobre isso, encontrei um documento que diz que: Em 1878, 79,4% dos portugueses maiores de 6 anos não sabiam ler. Talvez haja estudos semelhantes sobre outros países da Europa, mas acredito não ser necessário recorrer a estes pois, aparentemente, este índice de analfabetismo é uma característica do período. Especialmente entre portugueses, espanhóis e italianos.

Do ponto de vista pessoal, também é importante dizer que, nesse processo, tive contato com muita gente morta. Sim. Através de seus registros de nascimento, descobri em que época viveram e de quem eram filhos e netos. Também tive contato com seus atestados de óbito e, através deles, descobri do que morreram, se deixaram filhos e com quem se casaram. E me aproximei deles. É mais fácil do que parece. Afinal, sabemos pouco sobre eles e a curiosidade talvez ajude nessa aproximação. Gostaria de entrevistá-los, saber um pouco sobre eles, como enxergavam a vida especialmente fora do Brasil e, depois, se valeu a pena imigrarem. Quem sabe descobrir se carrego comigo alguma suas características ou até mesmo a personalidade de algum deles. Talvez não fosse exagero dizer que me sentiria mais a vontade com eles do que entre os vivos por um simples motivo: estão mortos. Seja qual fosse sua índole, já não possuem mais poder algum sobre outras vidas. São inofensivos. Ao contrário do vivos, que sempre podem surpreender.

E assim, ininterruptamente, um sem número de informações novas são disponibilizadas na ferramenta todos os dias. E quem sabe quais revelações os registros e os cruzamentos automáticos de informações poderão me trazer no futuro ? O tempo dirá.
 
Obrigado por ler até aqui!
Até a próxima!
 
Trilha sonora sugerida:
 
Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato