Diario de Bordo - Preziosa



Fazer um cruzeiro marítimo era algo que vinha rondando meu imaginário já há algum tempo. Tudo parece muito legal, muito bonito, muito chique. Um LUXO! Mas não era isso que me impedia de adquirir um pacote. Também não era medo. Quase não se tem notícia de acidentes sérios em cruzeiros. Uma ou outra tempestade aqui e acolá e alguns balanços fora do normal acontecem, é verdade. Mas sempre achei que me sentiria mais confortável num navio do que me sinto num avião, por exemplo.

Na verdade, o motivo real pelo qual essa experiência sempre foi adiada, era o receio de me enfiar numa farofada (no mais amplo dos sentidos) da qual eu não poderia me livrar, ou seja, me ver confinado num pesadelo de vários dias.

Mas há uma primeira vez para tudo. A vontade de viver uma experiência nova foi maior que o receio. Vontade essa potencializada pelas opiniões positivas e entusiasmadas de amigos que já tinham feito. Um deles em especial, o Manfrin, que havia acabado de chegar da viagem dele. É como diz aquela frase motivacional que vive rodando nas redes sociais e o repertório dos coaches: "Vai. Se der medo, vai com medo mesmo."

Tínhamos poucas opções de data, pra variar. Apenas dez dias em Janeiro ( 9 a 19). Sendo um mês de férias, as opções disponíveis ficam naturalmente mais concorridas, podendo beirar a inviabilidade quando a busca é feita em cima da hora e com uma disponibilidade  tão estreita.

O fato é que decidimos num dia e no outro fomos à um agente e viagens, porque não havia mais nada disponível na internet para o período. É o que dava pra fazer. Acabamos fechando o único cruzeiro disponível nesse período de 10 dias. Um roteiro interessante de sete dias partindo de Santos, com destino a Salvador, Ilhéus e Búzios. Em outras palavras, pegamos o que tinha e, para uma primeira experiência, era mais do que suficiente.

Eram cidades que já conhecíamos, mas importava mais a experiência à bordo do que as cidades em si.

Antes de começar o diário propriamente dito, acho que vale a pena registrar aqui alguns fragmentos de sonhos estranhos (bem estranhos) que tive na primeira noite após a compra da viagem:

Sonhei que eu já estava à bordo e que, acordando pela manhã, vi que o navio havia encalhado numa praia paradisíaca em algum lugar do litoral baiano. E eu só pensava em encontrar algum jeito de desembarcar para tirar fotos. Em outro momento, sonhei que o navio chegou em algum lugar e foi içado por um elevador tão colossal, quando o próprio navio, para ser retirado do mar e ser colocado em um lago. Nem sei se isso faz algum sentido. O pior é que o lago estava bem congestionado e o nosso navio acabava esbarrando em outras embarcações. Mas, o mais absurdo estava por vir. Enquanto estava no lago, o navio ganhava uma velocidade cada vez maior até que, quando olhei de novo, ele estava desgovernado na marginal Tietê, onde perdeu o controle e capotou. Mas não no rio. Na pista mesmo!

Cara, de onde vem essas coisas ?

Enfim, ao diário...

09-01-2023 - Dia do Embarque.

Chegamos ao porto de Santos, em SP, por volta das 11h da manhã. O nosso check-in estava previsto para o meio dia. Mas já sabíamos que haveria atraso. Fomos informados pela operadora na véspera. O navio MSC Preziosa, que deveria chegar às 9h da manhã, chegaria somente perto das 18h. 

Para amenizar a espera, a operadora ofereceu traslado ida e volta para um shopping de Santos e para o museu Pelé, além de pagar o almoço e oferecer US $100 de crédito no navio, a titulo de compensação.

Acabamos indo para o shopping almoçar e passar o tempo até a hora prevista para o novo início do check-in, por volta das 17hs.

Até esse momento, não tínhamos ideia do que estava por vir.

Obviamente que embarcar 3500 pessoas de uma vez num navio não é uma tarefa simples. Em condições normais, o embarque sempre é feito com bastante antecedência em relação ao horário de partida e de forma escalonada.

Com todo o atraso de 9 horas e, sob pena de atrasar também a agenda das próximas paradas, incluindo a chegada de volta a SP, a opção era embarcar todos de uma só vez. E o resultado foi filas. Filas intermináveis e de todos os tipos.

Fila para aguardar a chamada do nosso número de embarque. Fila para chegar ao guichê de atendimento e validação de documentos para embarque. Fila para aguardar a chamada para o embarque propriamente dito. Fila para o ônibus que nos levou até o navio. Fila para subir a bordo com nova validação de credenciais. Fila para usar o elevador, já que nossa cabine ficava no 12º andar. Fila para comer e, finalmente, fila para o treinamento de emergência.

Só conseguimos acesso à cabine próximo das 22h. Comer alguma coisa ? Só lá pelas 23h30. Como todos os horários e previsões estavam em muito, atrasados, o  buffet de boas vindas obviamente não comportou tanta gente ao mesmo tempo e ficou bastante sobrecarregado. Sendo assim, tivemos dificuldade para comer.

Mas os inconvenientes não eram apenas o atraso, as filas e dificuldade de alimentação no interior do navio. Tivemos problemas com os nossos cartões Cruise Card. Uma vez a bordo, todas as operações de compras, refeições e bebidas não inclusas no pacote e acessos, incluindo a cabine, só são realizadas através deste cartão. Os cartões haviam expirado devido ao atraso. E só conseguimos acessar a cabine com a ajuda dos (sempre solícitos) funcionários que cuidavam da organização e limpeza das cabines. Naquele momento, era impossível trocar os cartões na recepção do navio devido à quantidade de passageiros na mesma situação. De novo. 3500 pessoas tendo os mesmos problemas e necessidades ao mesmo tempo...

Aquele que seria um dia marcado pela expectativa de uma experiência nova, diferente, interessante e, principalmente, "chique", se transformou numa epopeia de 12 horas de chá de cadeira e inconvenientes. Parecia que todos aqueles receios de me meter em uma grande furada estavam se materializando bem na minha frente.

Mas ainda havia mais uma etapa antes de finalizar o dia, que já havia sido bastante cansativo. Um treinamento de emergência obrigatório que consiste em assistir um vídeo com instruções de segurança e depois, ao comando de uma voz no serviço de som, dirigir-se à um ponto de encontro para validar a participação através do Cruise Card. Pode parecer simples mas, para quem acabou de entrar numa embarcação gigantesca como aquela pela primeira vez, não é tão fácil se localizar e encontrar locais específicos assim tão rápido. Mesmo com as indicações e mapas disponíveis em toda parte, leva um tempinho até aquele imenso labirinto começar a fazer sentido. Em resumo, serve mais para a gente saber onde exatamente estão localizados os botes salva-vidas para uma eventual e remota necessidade de abandonar o navio.

10-01-2023 - Navegação.


Já passava da 1h da manhã quando finalmente conseguimos relaxar em nossa cabine. A Jana, cansada e irritada com toda aquela maratona de embarque, desmaiou imediatamente. Eu tentei resistir. Queria acompanhar a partida do navio. Cochilei, confesso. Mas lá pelas 3h e pouco percebi movimento. Sai na varanda e realmente o navio estava zarpando. E fiquei ali, sozinho, debruçado sobre a grade da varanda, enquanto o navio deslizava silencioso pelo canal do porto de Santos para uma viagem de dois dias até Salvador. Não demorou muito e entramos em mar aberto. Minha deixa para finalmente dormir e terminar aquele dia que, bem ou mal, não deixou de ser uma grande aventura.

Dormi pouco. Levantei bem cedo para resolver o problema do Cruise Card e reclamar a bagagem da Jana que não tinha sido entregue. Funciona assim: Você entrega suas bagagens assim que chega ao porto e confia que, em algum momento, elas aparecerão magicamente na porta da sua cabine.

Felizmente a recepção estava tranquila desta vez e resolvi os dois problemas quase que instantaneamente. As etiquetas de bagagem da Jana haviam se perdido no transporte para dentro do navio, de modo que os funcionários não puderam identificar em qual cabine entregar. Para estes casos, há uma sala ao lado da recepção, onde estavam todas as bagagens com o mesmo problema. Basta entrar identificar a sua e retirar normalmente.

O café da manha é servido no restaurante Inca, que é o restaurante principal do navio e que funciona quase que 24 horas. Trata-se de um grande self-service com vários setores e tipos de comidas diferentes. Para facilitar a descrição: um belo de um bandejão. Era mesmo da noite anterior e a experiência ainda não havia melhorado. Muita gente aglomerada no buffet e uma certa dificuldade para encontrar mesas livres.

Depois do café, saímos para explorar o navio e lembrei dos Paralamas:

"... 
Aceitei, me engajei
Fui conhecer a embarcação
A popa e o convés
A proa e o timão
Tudo bem bonito
Pra chamar a atenção..."

Academia, piscinas, convés, Mini Mall, e outras áreas. Tudo muito bonito e luxuoso. Andamos bastante e voltamos ao restaurante Inca para almoçar. O ambiente havia melhorado mas continuava um pouco tumultuado. Então, petiscamos qualquer coisa e decidimos fazer uma pausa na cabine para relaxar antes do jantar.

No jantar, a coisa funciona um pouco diferente. No momento da compra da viagem, tivemos que escolher entre dois horários, o nosso preferido para jantar. Então fomos informados que nosso jantar seria sempre às 21h30 no restaurante o L'Arabesque, onde teríamos uma mesa reservada (sempre a mesma) que seria compartilhada com mais 4 pessoas (sempre as mesmas). Se seria bom o ruim, só o tempo diria. 

Chegamos às 21h30 para o primeiro jantar da viagem e,  apesar da inevitável fila para entrar, fomos atendidos no horário. 

Neste restaurante, as mesas são todas para seis lugares. Isto significa que são compartilhadas com outras pessoas. No nosso caso, dividimos com um casal bem simpático de Curitiba. 

Fomos atendidos pelo John. Aliás, é importante ressaltar que é bem difícil encontrar um funcionário que fale português. A maioria absoluta é de diferentes nacionalidades e o idioma oficial para uma boa comunicação dentro do navio acaba sendo o inglês. Mas eles se esforçam bastante para entender quem não fala inglês e, no final, todo mundo se entende.

O menu da noite estava ótimo e nossas opções foram:

Entrada: Ceasar Salad e Brie com Geleia.
Pratos Principais: Atum Amarelo e Solomin com brócolis.
Sobremesas: Mousse de Chocolate com Hortelã.

Tudo muito saboroso. 

Vi na programação... Ah sim, este é um outro detalhe bacana. Há folhetos diários com toda a programação do navio para cada dia, entregues na cabine sempre no dia anterior. Aliás, guardei os folhetos para utilizar na ilustração de diário de bordo.

Voltando... vi na programação que haveria um tributo ao Pink Floyd como uma das atrações da noite. Fiquei levemente atraído mas acabei não botando muita fé na performance e resolvemos ir dormir, pois o nascer do sol estava previsto para às 5h07 da manhã e queríamos  acordar para assistir.

11-10-2023 - Navegação


Conforme programado, acordamos cedo para ver o sol nascer mas havia uma dúvida. Estando nós em um navio, no meio do mar, sem quaisquer referências visuais. Como saber de que lugar do navio seria possível ver o nascer do sol ? Pode parecer que não, mas é uma dúvida importante. Eu poderia muito bem me levantar e ficar de cueca, debruçado na varanda da minha cabine esperando o sol nascer e ele nascer do outro lado.  

Então, sabido que sou, liguei a televisão da cabine num canal que mostra um mapa com deslocamento do navio em tempo real e outras informações da viagem. No mapa, dizia que viajávamos em direção nordeste. Sabendo que o sol nasce no leste, percebi que o sol nasceria mesmo do outro lado do navio. Eu poderia ficar até às 11h da manhã esperando na minha varanda que não veria sol algum. 

Com todos os cálculos feitos, às 5h da manhã já estávamos no 15º andar, acima das piscinas, para ver o sol nascer. Depois de ver o dia raiar em grande estilo, ficamos passeando pelo navio, fazendo alguns takes para o vídeo que editei depois e que também ilustra este diário. 

Foi uma experiência nova este passeio antes das 6h da manhã. Um navio vazio, calmo e quase silencioso (no sistema de som havia apenas uma musiquinha ambiente bem tranquila e em volume baixo) estava à nossa disposição. Completamente diferente do que já havíamos experimentado até então.

Tendo em vista o desconforto enfrentado anteriormente no Restaurante Inca, resolvemos pedir o café da manhã na cabine dali em diante. Basta indicar suas opções num formulário e deixar pendurado do lado de fora da porta da cabine e "magicamente" ele é entregue no horário solicitado. Tomar o café da manhã no conforto e tranquilidade da cabine nem se compara ao ambiente tumultuado e barulhento do Inca. Sabia decisão.

Ainda na parte da manhã, aproveitamos para explorar um pouco mais o navio e descobrir lugares que não tínhamos visto ainda. Entre eles, um simulador de Fórmula 1, do qual resolvi experimentar. Não cheguei a passar vergonha. Rodei na pista apenas 1 vez, mas andei tão devagar que, no final, meus tempos de volta foram tão ridículos que nem apareceram entre os piores do ranking. Pensando bem, de certa forma, não deixa de ser uma vergonha, sim.

Depois do almoço no Inca, o restaurante padrão do navio, desta vez já um pouco melhor, voltamos ao sossego da cabine. Entre um cochilo e outro eu me pegava pensando nos 2600 metros de profundidade do abismo sobre o qual passamos em algum momento do dia. Pensava também se estava tudo certo com nosso contato em Salvador para os passeios do dia seguinte.

O serviço de internet no navio não algo muito barato. Custa US$29 por dia, por aparelho. Um belo estímulo para quem quer fazer um detox digital, pelo menos em alto mar. Em terra ou próximo dela, o sinal das operadoras funciona normalmente.

Outra coisa que deve ser a dúvida de muita gente. Mas balança ? Bem, balançar é relativo. Depende bastante das condições do tempo e do mar. Pela minha experiência entre SP e BA, ida e volta, não dá pra dizer que balança. Esta mais para uma percepção de movimento. Às vezes mais, às vezes menos, quase como uma leve sensação de tontura mas que não chega a incomodar. Fiquei preocupado com enjoo. Levei remédio para isso mas nem me lembrei deles. Não precisou em momento algum. 

No final da tarde, a Jana havia agendado uma escova com o cabeleireiro do Aquaman e, enquanto ela fazia o cabelo, eu fiquei petiscando e assistindo o pôr do sol no 15 andar.

Antes do jantar, passeio com fotos pelo navio e jantar com novo menu no L'Arabesque. Pedida do dia:

Entrada: Salada Williams,
Principal: Brasatto com Cachaça
Sobremesa: Bolo Romeu e Julieta.


12-01-2023 - Salvador-BA


Chegamos em Salvador por volta das 7h da manhã. Eu já estava acordado. O Kleber, nosso amigo da Bahia Passeios, que sempre nos atende em Salvador, (pelo menos tem sido assim nas 4 ou 5 vezes em que estivemos por lá), havia me mandado mensagem às 6h para confirmar nossa chegada e o horário do passeio. Da varanda, acompanhei nossa entrada na Baia de Todos os Santos e a chegada ao porto. Depois de dois dias, a aquela vibe caótica dos inicio da viagem já havia passado. As pessoas foram percebendo que não precisavam fazer tudo ao mesmo tempo, na mesma hora e relaxaram. Já conheciam melhor o navio, então se espalharam mais e todos os ambientes passaram a ficar mais tranquilos, mudando completamente a impressão da viagem. 

Tomamos café da manhã tranquilamente e descembarcamos para tirar fotos da parte externa do navio. Algo que não havia sido possível fazer durante o caótico embarque em Santos. 

Encontramos o Kleber em frente ao porto às 10h30 e fizemos um citytour por vários pontos importantes da cidade, destaque para a Arena Fonte Nova, as Gordinhas de Ondina, Farol da Barra, Av Sete (aquela da música Baianidade Nagô, da Banda Mel) e, finalmente, Pelourinho. Onde o Kleber nos deixou com o Claudio Cachoeira (seu guia famoso), para um passeio a pé. 

Como era o dia da lavagem das escadarias do Bonfim, a maior parte dos turistas estavam concentrados por lá. Com isso, tivemos um Pelorinho mais tranquilo. Cachoeira nos levou na Catedral Metropolitana, Largo do Pelourinho, Igreja de São Francisco e alguns pontos de interesse de comércio. Almoçamos no Coliseu, um restaurante famoso da região e provamos a lasanha de banana, a pescada amarela e finalizamos com a cocada mole quente com sorvete de tapioca.


A distância entre o Pelourinho e o terminal marítimo de passageiros é bem curta. Uma pequena caminhada até o sempre movimentado elevador Lacerda. E, uma vez embaixo, outra pequena caminhada até o terminal, passando antes, em frente ao famoso Mercado Modelo, que estava em reforma. 

Este passeio guiado por Salvador foi completamente diferente das experiências anteriores que tivemos. Na companhia de um guia, bastante conhecido como era o Cachoeira, não há assédios ou incômodo de nenhum tipo. E isso por si só, já torna a coisa bem mais agradável. Se forem à Salvador prefiram a companhia de um guia. Pode custar um pouco a mais, mas a tranquilidade para caminhar, visitar as atrações e tirar fotos, com certeza compensa.

De volta ao navio, conseguimos aproveitar as piscinas (estas sim, sempre muito concorridas) e assistimos o por do sol de Salvador. Depois de um belo descanso na cabine, jantar no L'Arabesque com:

Entrada: Peixe branco frito crocante ,
Principais: File de Salmão enegrecido na chapa / Tagliata de carne,
Sobremesa Bolo prestigio.

Mais tarde, já perto da meia-noite, um pouquinho de festa do branco no deck das piscinas.


13-01-2023 - Ilhéus-BA

Sexta feira 13, dia 4 da viagem. Acordei às 5h da manhã. Consegui ver um pouco do nascer do sol. Pela frente, ou pela proa, muitas nuvens e chuva. E foi debaixo de chuva que chegamos em Ilhéus, às 8h da manhã. Achei que o passeio seria comprometido pela chuva. Mas não foi. Por volta das 10h, o tempo abriu e o sol chegou forte pelo resto do dia. Já havíamos estado em Ilhéus, mas apenas de passagem. Nosso destino final naquela oportunidade era a Península de Maraú. Essa região de Ilhéus é conhecida como Costa do Cacau.

Por falar em cacau, o Kleber da Bahia Passeios, também preparou alguém pra nos acompanhar nessa etapa de Ilhéus. O Phillipe, da JP Turismo. Discreto e atencioso, nos preparou um roteiro com a visita à fazenda de cacau Irerê, para conhecer o processo, cultivo e transformação do cacau em chocolate. Depois, uma visita ao centro histórico de Ilhéus e suas principais atrações, como a Catedral de Ilhéus, a casa de Jorge Amado e o famoso Bataclã. Para finalizar o nosso passeio por Ilhéus, visita à três mirantes da cidade: Do canhão, da Capela e da Conquista.

De volta ao navio, conseguimos aproveitar um pouco as piscinas e as jacuzzis (muito mais concorridas que as piscinas) Em determinados horários a permanência máxima nas jacuzzis é de apenas 15 minutos. Fiscalizadas pelos próprios passageiros que faziam fila de espera e reportavam ao funcionário supervisor das piscinas sempre que alguém abusava demais do tempo. Chato, é verdade. Porém, necessário, pois evita certos tipos de pessoas que viajam em grupos fiquem monopolizando os ambientes.

A permanência em Ilhéus foi curta. Pontualmente às 18hs, acompanhei da varanda da cabine nossa partida do porto de Ilhéus para o próximo destino. Búzios, RJ. 

Antes do jantar, assistimos ao espetáculo francês Cadeau, no teatro Platinum. Para o jantar, mais uma vez no L'Arabesque, nossas escolhas foram:

Entrada: Creme de mandioca,
Principal: Risoto de camarão e abóbora
Sobremesa: Bolo Royal.


14-01-2023 - Navegação


De novo, acordei automaticamente para o nascer do sol. Fiz um take para o vídeo da viagem e voltei pra cama. Às 9h, recebemos na cabine nosso café da manhã especial, comprado antes da viagem e, lá pelas 10h30, fomos tirar uma onda na academia. 

Depois de passar várias vezes pelo cassino, só olhando, aquele mar de máquinas coloridas e barulhentas,  resolvemos tentar a sorte. Nunca visitamos um cassino e não temos a menor ideia de como funcionam. Mesmo assim carregamos US$ 10 no Cruise Card. E pensamos que de US$ 0,25 em US$ 0,25, poderíamos jogar várias vezes em várias máquinas e, quem sabe, sermos  premiados como numa daquelas cenas de filme em que a máquina despeja centenas de moedas para um sortudo qualquer. Infelizmente só acabamos descobrindo o porque estes são chamados jogos de azar. Não sei qual foi o nosso erro mas, consumimos nossos US$ 10 numa única rodada. Este provavelmente foi o apertar de botão mais caro da história. Mas é como dizem, azar no jogo...

Após a aventura mal sucedida no cassino, saímos à toa pelo navio. À essa altura, já conhecíamos bem a embarcação e conseguíamos chegar em qualquer lugar sem precisar recorrer a mapas ou indicações. Já sabíamos os atalhos e os elevadores que nos deixavam mais perto de onde queríamos ir. Nada como a rotina. 

Pela primeira vez o almoço não foi no Inca e sim no Golden Lobster:

Entrada: Salada verão e Bolinho de peixe,
Principal: Frito misto de peixes e frutos de mar
Sobremesa: Manjar de coco.

Depois de mais uma tarde relaxante na cabine, fomos até o teatro Platinum para assistir  ao espetáculo italiano Grande Amore. Os espetáculos são sempre musicais muito bem produzidos e temáticos. Pena termos perdido os primeiros. 

As nossas escolhas desta noite no L'Arabesque foram:

Salada Sunshine
Salmão Grelhado

Obs: Como a Jana não estava se sentindo bem, acabamos pulando a sobremesa.

Passei algum tempo tentando fechar um passeio em Búzios, mais ou menos no mesmo esquema que fiz em Salvador e Ilhéus. Um passeio particular pelos pontos mais interessantes do lugar. Tive bastante dificuldade, mas consegui, meio que na última hora, já perto da meia noite, fechar com a Búzios Turismo, um city tour de bugue para  o dia seguinte.


15-11-2023 - Búzios


O desembarque em Búzios foi diferente. Búzios não possui um terminal de embarque e desembarque de passageiros para embarcações de grande porte. Sendo assim, o navio ficou ancorado e o processo foi feito através das lanchas de apoio do navio (popularmente conhecidas como botes salva-vidas). 

Já havíamos passado um final de semana em Búzios. Em 2000 ou 2001, mais ou menos. Pouco tempo, é verdade. Mas o suficiente para conhecer os principais pontos de interesse da cidade. Agora, mais de vinte anos depois, a permanência foi ainda menor. Contando o embarque e desembarque (um tanto demorados), algo em torno de 7 horas apenas. Às 15h30 todos deveriam estar de volta ao navio para o retorno à Santo, SP, programado para às 16h, pontualmente. Uma pena.

Aproveitamos o máximo com o tempo que tínhamos. Caminhamos tranquilos pela Orla Bardot (bastante diferente do que eu lembrava) e, logo depois, fomos para a praça Santos Dumont, encontrar o nosso bugueiro Daniel, para um citytour bastante animado. Relembramos os principais pontos de interesse e ouvimos várias piadas do famoso "toca pra búzios", seu apelido. Alegre e contador de casos, Daniel transformou o roteiro num divertido passeio com direito a várias fotos e algumas fofocas também, claro.  

E não sobrou tempo para muita coisa. Apenas uma paradinha para refrescar as ideias e a garganta com alguma bebida gelada e pegar a fila das lanchas de volta para o navio.  A última lancha era às 14h45. Então realmente o tempo foi curto.

Fiquei acompanhando nossa partida de Búzios das janelas do Inca enquanto petiscava alguma coisa. Mais tarde, depois de um tranquilo descanso na cabine, assistimos ao espetáculo  Treasure Island, no Platinum Theatre. Último espetáculo, última noite a bordo. Um final teatral apoteótico e emocionante que brindava todos aqueles dias de descobertas, descanso e novidades, que certamente deixou qualquer um com gostinho de quero mais.

Do teatro para o L´Arabesque. A esta altura, já até sabíamos que o teatro ficava na proa e o L´Arabesque na popa. Nossas escolhas foram:

Para Il Tonnato
Maminha com vinagre balsâmico
Lasagna a Bolonhesa
Tiramisu


16-01-2023 - Santos-SP

Restavam apenas mais algumas horas daquela experiência tão intensa e inédita.  Inicialmente, adquirida com certo receio. Num segundo momento, receio este quase transformado em arrependimento. Mas, uma vez superados os imprevistos e entendendo que essas coisas infelizmente podem acontecer, fico grato por ter tido a oportunidade de finalmente viver a experiência de um cruzeiro marítimo. 

São assim as experiências da vida. Mesmo em tempos de internet e informação fáceis, não importa quantos vídeos assistimos, quantas matérias e depoimentos lemos a respeito de algo. Nada se compara a estar lá e viver por si mesmo. As informações são importantes e ajudam a estarmos melhor preparados para as certas particularidades de cada situação. Mas é como ver as coisas de um ângulo só. Para ver o todo, é preciso estar lá. 

Ver um navio como aquele na internet ou na televisão é completamente diferente de estar ali, prestes a subir a rampa de embarque, tentando entender como algo que flutua pode ser tão grande. Percorrer seus corredores, salões e ambientes tentando imaginar a quantidade de recursos necessários para fazer aquela "cidade flutuante" funcionar de maneira transparente para os passageiros. Isto por si só já foi o suficiente para me deixar impressionado por, pelo menos, uns 3 dias.  Sentir os cheiros, ver as belezas dos detalhes, provar os sabores, conhecer e observar o comportamento de pessoas tão diferentes. Se comunicar com pessoas num idioma que não é o seu, mas também não é o delas e ver que, de uma forma ou de outra, todos acabam se entendendo. Experimentar os confortos e os inconvenientes também, por que, não ? Tudo isso é parte da viagem. Tanto as viagens turísticas como a viagem da vida em si. 

Era nisso tudo que pensava enquanto observava da varanda da cabine nossa chegada a cidade de Santos e a entrada no canal do porto. Repito: Sou grato e fico feliz por ter experimentado tudo isso.

Muito diferente do embarque (pelos motivos já citados anteriormente), o desembarque foi feito de forma muito tranquila, divididos em grupos de 30 em 30 minutos, de acordo com o numero da cabine. Saí do navio com um sentimento de saudade. E acho que, no final, foi bom. Porque saímos com todas as impressões positivas, a sensação de que valeu a pena e que faremos novamente no futuro.

Há pessoas que gostaria de mencionar nesse diário. Coisa que raramente lembro de fazer.

Arun - O indiano que atendia nossa cabine. Nos encontrávamos todos os dias no corredor da cabine. Era ele quem mantinha tudo limpo e organizado e nos entregava a programação do dia seguinte. Muito tranquilo e super gente boa. Nos salvou pelo menos umas 3 vezes na primeira noite, liberando nosso acesso à cabine enquanto nosso Cruize Card estava bloqueado. 

John, o filipino sorridente que nos atendeu todas as noites no L'arabesque. Sempre atencioso e preocupado se tudo estava ao agrado. 

Kleber, da Bahia Passeios. Esse já tem história conosco. Confiança mútua e respeito são as palavras que definem nossa relação. Já cuidou do nosso traslado duas vezes para Morro de São Paulo. Já nos levou para Praia do Forte em outra oportunidade e cuidou dos detalhes para que tivéssemos um dia bastante especial em Salvador nesta viagem. Tudo isso sem pedir um centavo adiantado, cumprindo horários e atendendo sempre com alegria e descontração, fazendo jus às características mais marcantes dos baianos.


Claudio Cachoeira, guia do Pelourinho. Homem de confiança do Kleber, escolhido à dedo para nos acompanhar. Pensa num cara famoso no Pelourinho. Simpático e atencioso, acho que o cara conhecia todo mundo ali. Foi graças ao Cachoeira que finalmente tivemos uma experiência bacana naquele efervescente pedacinho de Salvador. 

https://www.instagram.com/cachoeiraguia/

Phillipe, nosso guia de Ilhéus. Também escolhido pelo Kleber. Discreto e mais contido, nos acompanhou com atenção e cordialidade pelo pouco tempo que ficamos em Ilhéus. 

https://www.instagram.com/jpturismoilheus/

Daniel, bugueiro de búzios. Figuraça, contador de casos e piadas. O típico espírito carioca. Me fez pagar mico numa das paradas para foto. Mas isto é outro assunto. Quem viu, viu. Quem não viu, perdeu.


Lucas, um dos cabelereiros do Aquaman e do navio. Um dos poucos funcionários brasileiros à bordo. Calmo e experiente hair stylist. Nos proporcionou conversas muito interessantes sobre os bastidores dos cruzeiros marítimos.


E assim termina mais um diário de viagem. Espero ter registrado tudo que gostarei de relembrar depois. E que venham novas experiências.

Obrigado por ler até aqui.
Até a próxima!
Fabior                      



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